
WASHINGTON - O presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, decidiu que o avião de brasileiros deportados dos Estados Unidos que chega na sexta-feira, 7, deve pousar em Fortaleza, no Ceará, para que eles não sobrevoem o país algemados.
Uma reunião na tarde de hoje deve definir se a mudança de Belo Horizonte para a capital cearense será definitiva. O encontro também vai discutir os detalhes logísticos sobre a chegada da aeronave e como vai ser feita a assistência aos repatriados.
Esse é o segundo avião de deportados desde que Donald Trump assumiu a Casa Branca no dia 20 de janeiro.
As condições as quais os brasileiros foram submetidos ao longo do trajeto o voo que aterrissou em 24 de janeiro em Manaus, no Amazonas, provocou a reação do governo Lula contra o que chamou de “uso indiscriminado de algemas”.
Segundo a Polícia Federal, o uso de algemas em imigrantes é uma praxe em voos fretados dos EUA para repatriação, mas elas são retiradas ao pousar no Brasil onde os nacionais não são prisioneiros.
Isso não aconteceu com os 88 brasileiros que desembarcaram em Manaus, no Amazonas. Eles esperaram algemados para seguir viagem até a capital mineira, o que não aconteceu porque o avião americano não tinha condições técnicas para chegar ao destino.
Agora, como resposta, os brasileiros devem ser desalgemados ao chegar em Fortaleza e seguir para seus respectivos destinos em liberdade.
Acordo de Deportação
O número de remoções de imigrantes brasileiros dos EUA cresceu depois de acordo assinado, em 2018, entre os presidentes dois países na época, o brasileiro Michel Temer e o Donald Trump (que estava em seu primeiro mandato). O tratado bilateral permitiu a realização de voos de repatriação de imigrantes ilegais que não tinham mais possibilidade de recursos junto à administração americana.
Segundo os dados mais recentes do Departamento de Segurança Interna (DHS) dos EUA, de 2018 a 2022, 11.300 brasileiros foram removidos do território norte-americano, 65% a mais do que foi registrado nos cinco anos anteriores (2013 a 2017), 6.800.
A repatriação de brasileiros ocorreu ao mesmo tempo em que houve uma queda nos processos de remoção de imigrantes estrangeiros de uma forma geral (ou seja, de todas as nacionalidades). De 2013 a 2017, os EUA retiraram do país 1,8 milhão de pessoas, número que caiu para 1,1 milhão no período de 2018 a 2022, ou seja, um recuo de 38%.
A Polícia Federal informou que, de 2020 a 2024, o Brasil recebeu 94 voos de repatriação, levando 7.637 brasileiros.
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