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Estudante turca é liberada após seis semanas detida pelo ICE



BOSTON - A estudante turca Rumeysa Ozturk retornou à Massachusetts no sábado, 10, após seis semanas sob custódia federal em um centro de detenção na Louisiana. O caso gerou indignação com a repressão imigratória do presidente Donald Trump.


Aluna da Universidade Tufts, Ozturk tem visto de estudante para morar no país. O voo que a transportava de volta pousou em Boston um dia depois de um juiz federal em Vermont ter ordenado que ela fosse imediatamente libertada de um centro de detenção localizado a cerca de 2.500 quilômetros de seu estado.


Falando em uma sala do aeroporto, ela sorriu e parecia feliz, mas também demonstrou estar emocionada em alguns momentos. Ozturk agradeceu aos apoiadores pela e expressou amor pelos EUA, apesar de ainda correr risco de deportação.


"Os EUA são a maior democracia do mundo", afirmou: "Tenho fé no sistema de justiça americano".


Ozturk é aluna de doutorado e estava entre os mais de mil estudantes internacionais que tiveram vistos cancelados no país e enfrentam risco de deportação. As medidas ocorreram em um momento em que o governo Trump intensificou seu ataque ao ensino superior, afirmando que o objetivo era erradicar o antissemitismo.



A aluna havia escrito um artigo de opinião no jornal estudantil criticando a resposta da universidade às demandas pró-Palestina. Seus apoiadores negaram que ela fosse antissemita e disseram que ela foi detida em retaliação por seu discurso, o que violava a Primeira Emenda, que garante o direito à liberdade de expressão.


No sábado, amigos e ex-professores da aluna oscilavam entre a alegria pela sua libertação e a dor pela detenção. Amiga da estudante há uma década, Gulay Kaplan dirigiu por 11 horas para vê-la no aeroporto e estava animada e emocionada. Quando finalmente a viu, disse que tudo o que conseguia fazer era chorar.


Ela diz ter ficado chocada com o que Ozturk teve que suportar, descrevendo a amiga como gentil e bondosa, acrescentando: "Ela não tem coragem de odiar ninguém". Kaplan disse que isso a deixou assustada, e o mesmo aconteceu com outras amigas imigrantes das estudantes. Se isso aconteceu com Ozturk, afirma, "poderia acontecer com qualquer um de nós, por dizer qualquer coisa".


Na sexta-feira (9), o juiz William Sessions, do Tribunal Distrital dos EUA em Vermont, disse que a detenção de Ozturk poderia potencialmente prejudicar "a liberdade de expressão de milhões e milhões de indivíduos no país que não são cidadãos".


Sessions, nomeado pelo ex-presidente Bill Clinton, também disse que o governo, que acusou Ozturk de se envolver "em atividades de apoio ao Hamas", não apresentou nenhuma evidência além do ensaio de opinião pró-Palestina da qual Ozturk tenha sido coautora.


Uma mensagem enviada ao Departamento de Segurança Interna não foi respondida imediatamente. Em resposta a um desdobramento anterior do caso de Ozturk na semana passada, um porta-voz afirmou que "um visto é um privilégio, não um direito" e que o departamento "continuaria a lutar pela prisão, detenção e remoção de estrangeiros que não têm o direito de estar no país".


A prisão de Ozturk em março foi registrada por câmeras de segurança e gerou condenação de estudantes, líderes universitários e ativistas pró-direitos de imigrantes em todo o país.


Ela caminhava por uma calçada em Somerville, quando foi cercada por agentes de imigração armados e levada às pressas para uma van. Ela foi levada para New Hampshire, depois para Vermont e, em seguida, de avião para um centro de detenção federal na Louisiana.


Durante sua detenção, Ozturk diz que sofreu crises de asma cada vez mais graves, a primeira delas ainda no avião para Louisiana. Quando procurou tratamento, segundo ela, a equipe médica do centro de detenção respondeu com desdém. Ela afirma ter sido confinada com outras 23 mulheres em um espaço destinado a 14 pessoas.


No sábado, a estudante agradeceu aos amigos que a ajudaram a superar a detenção. Alguns leram livros para ela por telefone e enviaram muitas cartas de apoio. Ela também expressou preocupação com os imigrantes que ainda estão detidos na unidade. "Por favor, não se esqueçam de todas as mulheres maravilhosas que estão lá", disse.


Embora Ozturk tenha sido libertada, um advogado do governo afirmou na sexta-feira que o processo de deportação contra ela continuaria no tribunal de imigração. Mas acredita-se que sua perspectiva de longo prazo seja mais favorável agora do que antes da libertação pelo tribunal federal, segundo especialistas.


Independentemente do que venha a seguir, e apesar da experiência das últimas seis semanas, Ozturk parecia esperançosa. "Ainda acredito nos valores que compartilhamos", afirmou.


** Com informações do NYT **

 
 
 

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