Universitária brasileira é presa pelo ICE no Colorado
- Rádio Manchete USA
- 17 de jun.
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AURORA - Caroline Dias Gonçalves, de 19 anos, enfrenta nesta quarta-feira, 18, uma audiência de fiança para deixar o centro de detenção para imigrantes em Aurora, no Colorado. A estudante de enfermagem é mais uma jovem que migrou com os pais brasileiros ainda criança e levava uma vida dr americana até ser detida pelo ICE.
Assim como Caio e Marcelo, em Massachusetts, o sonho de Caroline virou pesadelo quando ela saiu de casa em Lehi, Utah, para visitar amigos no Estado vizinho no dia 5 de junho.
"Ela foi parada por um policial, que disse que ela estava dirigindo próxima demais a um grande caminhão. Esse policial deixou ela ir embora apenas com um aviso, mas pouco depois ela foi parada novamente por um agente do ICE, que então a deteve", conta Gaby Pacheco, CEO da TheDream.US, organização sem fins lucrativos, através da qual Caroline conseguiu uma bolsa por mérito para estudar na Universidade de Utah.
Segundo uma reportagem da KSL TV sobre o caso, a prisão de Caroline deve gerar uma investigação no Colorado, devido à suspeita de colaboração entre a polícia local e o serviço de imigração.
"Isso é incomum e beira a ação inconstitucional... Nenhum mandado de prisão foi emitido e o ICE a deteve sem solicitar identificação", disse Jonathan M. Hyman, o advogado de Caroline.
"Detenções inconstitucionais estão sujeitas a moções para encerrar os processos e, neste caso, deter uma estudante universitária sem antecedentes criminais e sem mandado não será bem visto", argumentou Hyman.
Em um comunicado à KSL, o gabinete do xerife do Colorado afirmou: "Não investigamos o status de residência de acordo com a lei do Colorado... e estamos conduzindo uma revisão administrativa completa para garantir que agimos de acordo com nossas políticas e o estatuto do Colorado".
Pedido de asilo
A mais nova de quatro irmãos, Caroline vive nos Estados Unidos desde os 7 anos.
Segundo a reportagem do The Salt Lake Tribune, a família entrou no país com um visto turista, mas permanceu além do prazo permitido de seis meses.
Há três anos, a família entrou com pedido de asilo e ainda aguardava uma decisão.
Ao solicitar o asilo, Caroline e seus pais receberam permissões para trabalhar, carteiras de habilitação "limitadas" e números de seguridade social.
Não está claro sob que argumentos do processo, mas ao The Salt Lake Tribune um parente de Caroline disse que a família migrou após passar por situações de violência no Brasil, incluindo assaltos e terem sido feitos reféns por criminosos.
Procurado, o Itamaraty afirmou que a família de Caroline ainda não havia entrado em contato com o Consulado-Geral do Brasil em Los Angeles, que atende a região onde ocorreu o caso.
A pasta, no entanto, disse que buscaria mais informações sobre a situação da jovem, após ser informada sobre o caso pela BBC News Brasil.
Não foi possível fazer contato com os pais de Caroline. Eles não estão falando com a imprensa com receio das próximas ações dos agentes federais.
A reportagem também pediu informações ao ICE por e-mail. A agência confirmou o recebimento da mensagem, mas não enviou uma resposta aos questionamentos até a publicação desta reportagem.
Mobilização
Após a detenção da estudante, amigas organizaram uma coleta de doações para ajudar a família a arcar com os custos com o advogado e a possível fiança. Até a noite desta terça-feira, a contribuição passava de US$ 26 mil, acima da meta de US$ 20 mil.
A TheDream.US também lançou um comunicado público sobre o caso e realiza uma abaixo-assinado pela liberdade de Caroline, que já conta com mais de 5,140 assinaturas.
Prisão e controvérsia
Caroline conversava por viva-voz com sua amiga Maddie quando foi parada na estrada por um policial do Colorado.
A amiga então pôde ouvir todo o diálogo, quando Caroline foi parada pela primeira vez pelo policial que disse que ela estava dirigindo perto demais de um caminhão.
O policial pediu a ela sua identidade e os documentos de seguro do carro, e ela saiu do veículo e ficou esperando por cerca de 40 minutos enquanto ele checava a documentação.
Em dado momento, o policial teria perguntado a Caroline de onde ela era, porque ele podia ouvir um sotaque. "Mas ela não tem sotaque algum, ela soa muito, muito americana", observa Megan.
Ela disse que era do Utah, mas o policial insistiu, perguntando onde ela nasceu, e Caroline contou então que era do Brasil. Pouco depois, o policial deixou ela ir, apenas com um aviso.
As duas continuaram a conversa e Caroline disse que tinha que desligar porque estava sendo parada novamente.
Depois disso, o telefone de Caroline foi desligado e sua localização ficou paralisada em meio à rodovia. Após três horas sem notícias da amiga, Megan foi à casa dos pais de Caroline e, enquanto estava lá, a amiga ligou contando que havia sido presa e pedindo desculpas aos pais.
A família ficou sem notícias da estudante até o sábado, quando descobriram que ela estava detida no centro de detenção de imigrantes em Aurora.
Desde então, ela tem falado por telefone diariamente com a família — que precisa enviar dinheiro para o centro de detenção para ela poder fazer as ligações.
"Ela contou que está numa cela com 17 outras pessoas, mas que as pessoas são muito amigáveis. A maioria são mulheres mais velhas, e para ela é um pouco difícil, pois todas falam espanhol e ela não. Apenas algumas pessoas mais jovens falam inglês", conta Megan.
"Ela também disse que não gosta da comida, porque eles servem apenas tacos e burritos o dia todo e ela não gosta muito disso."
** Com Agências **

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