Radialista deixa família em Massachusetts para cumprir ordem de deportação
- Rádio Manchete USA
- 18 de jun.
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Atualizado: 20 de jun.

BOSTON - O radialista Frilei Bras embarcou nesta quarta-feira, 18, para o Brasil após receber uma ordem para deixar os Estados Unidos em 15 dias. Mesmo com o esforço de ONGs, parlamentares e membros influentes de Massachusetts, o ICE não revertou o destino do pai de seis filhos.
A família do mineiro de Central de Minas vai permanecer em Massachusetts, onde a mulher faz tratamento para combater a Doença de Huntington, uma enfermidade neurodegenerativa progressiva que não tem cura e precisa de medicação especial.
"Preciso conseguir na Justiça a medicação que ela toma aqui. Como farei isso após 20 anos fora do país. As coisas têm que se organizar", disse Frilei durante uma conversa com Heloísa Galvão, diretora do Grupo Mulher Brasileira (GMB), que foi transmitida nas redes sociais na terça-feira, 17.
Frilei, católico fervoroso, confia no amparo de Deus e acreditou até o último minuto que a ordem pudesse ser revertida. "A esperança é a última que morre."
No aeroporto, o radialista fez uma gravação dizendo que estava com o coração dilacerdo por ter que se afastar da família. O filho menor do casal ainda irá completar 3 anos e a mais velha, enteada de Frilei, tem quase 19 anos.
O GMB reuniu cartas de parlamentares e pessoas influentes em Massachusetts que pediram que o ICE mantivesse o brasileiro no país uma vez que ele está cumprindo com todas as obrigações com a agência.
As recomendações destacam o bom caráter de Frilei, sua contribuição para a comunidade e o seu papel de provedor para a família que sofre com o diagnóstico da mãe.
Sob supervisão
Há sete anos, Frilei comparecia frequentemente às visitas ao ICE, a última vez foi há 15 dias, quando recebeu o ultimato.
O brasileiro não é o único. No início do mês dezenas de imigrantes foram convocados para comparecer no "check-in" habitual do ICE e saíram algemados para presidíos de onde foram deportados.
Ao voltar à sede do ICE em maio, quatro agentes o esperavam com algemas e corrente e disseram que a ordem era detê-lo. Frilei apelou e lhe deram o prazo de dois meses para sair do país. Após uma ligação, o tempo foi reduzido para 15 dias.
"Os agentes me disseram que não concordam com a maneira como as coisas estão funcionando. Ele conhecem o meu caso, mas no final eu era só um número", contou Frilei. "Me foi dito ainda que a administração estava pegando os mais vulneráveis e eu era um deles".
No último mês, o mineiro foi pelo menos três vezes ao escritório do ICE.
Na primeira vez, ele foi surpreendido em sua visita habitual de que teria cinco semanas para sair dos EUA. Ele voltou para casa com uma tornozeleira e instalaram o aplicativo no celular, onde ele receberia atualizações sobre o caso.
Uma semana depois, ele foi convocado novamente e recebeu a notícia que a data de saída deveria ser até 21 de agosto e há 15 dias o chamaram novamento quando foi dada a data final.
Preso pelo ICE
Frilei foi preso pelo ICE em 2018, durante a primeira administração de Donald Trump. Ele foi parado pela polícia da cidade onde morava, Stoughton, por dirigir sem carteira de motorista. Massachusetts só passou a emitir a habilitação para imigrantes indocumentados em julho de 2023.
A cidade participava na época do programa 287g, medida na qual os policiais locais colaboram com o ICE, e ao cruzar as informações de Frilei com o banco de dados da agência federal foi confirmado que ele tinha uma ordem de deportação.
O radialista chegou aos EUA pela fronteira com o México em 2005 através do esquema conhecido como "cai-cai", em que a pessoa se entregava aos agentes da Polícia de Fronteira (CBP) e eram liberados com o compromisso de comparecer à corte.
Assim como milhares de pessoas, Frilei não voltou à frente de um juiz e automaticamente foi colocado em deportação.
Após 40 dias preso, o brasileiro foi solto com o compromisso de ir ao escritório do ICE de acordo com a orientação da agência, o que ele fez até ser expulso dos EUA.
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