Advogado acusa ICE de assinar deportação sem aval do cliente
- Rádio Manchete USA
- 3 de jun.
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WORCESTER - Samarone Alves Ferreira de Souza, pai do bebê que chamou a atenção da opinião pública durante uma ação do ICE em Worcester, Massachusetts, no mês passado, foi deportado após se recusar a assinar uma autorização de saída voluntária do país. O documento, segundo o advogado do brasileiro, teria sido assinado por um agente federal.
Tal ação foi relatada por Samarone Souza, 21, durante um telefonema para o escritório de advocacia que o defendia para avisar que já estava no Brasil. No dia 25 de maio ele foi enviado da Lousiana para o Ceará em um avião fretado pelo governo dos Estados Unidos.
De acordo com o advogado Andrew George Lattarulo, o brasileiro contou que os agentes do ICE disseram para ele assinar o documento e, diante da recusa, teria ouvido que ele sairia assim mesmo e que um oficial já tinha assinado em seu nome.
Lattarulo desconhece o teor do documento e não foi dada uma cópia ao cliente que havia ficado incomunicável nos últimos dias.
O advogado reclama que Souza não teve acesso ao processo legal. "O ICE está tentando deportar as pessoas sem uma audiência de imigração. Eles violaram os direitos dele [Souza] e vão fazer isso com todos que puderem", disse ao canal MassLive.
O ICE e o Departamento de Segurança Interna (DHS) não comentaram o caso.
Lattarulo afirma que o brasileiro decidiu não lutar por seu caso porque "está cansado com a situação".
Souza foi preso após buzinar em um incidente no trânsito. "Ele buzinou para o carro descaracterizado de um agente do ICE no dia 7 de maio. Esse foi o motivo da prisão. Ele não tem passagem pela polícia, não deve nada", disse a companheira Augusta Clara Moura em entrevista recente.
Ela é a mulher de 21 anos que aparece com o bebê no colo na rua Eureka em Worcester durante a confusão com o ICE e deve, segundo fontes familiarizadas com o caso, reencontrar o parceiro no Brasil ainda essa semana.
Ela está na casa de amigos desde que a mãe, Rosane Ferreira de Oliveira, foi presa pelo órgão federal no dia 8 de maio, um dia depois de os agentes terem pego o pai do seu filho.
A prisão de Rosane, 40, chamou atenção da imprensa nacional pela truculência da ação.
Abordagem
Segundo Augusta, ela e a irmã de 17 anos saíram de casa em direção ao escritório do ICE para assinar alguns papéis por conta da prisão de Souza quando foram interceptadas pelos policiais. A jovem disse que a informaram que ela seria presa e que alguém precisava ficar com o bebê, mas não podia ser a adolescente.
Augusta chamou a mãe e quando Rosane chegou também foi avisada que seria presa. Vizinhos intervieram, segundo a jovem, quando os agentes tentaram pegar o seu bebê.
Populares também questionaram se havia uma ordem de prisão e queriam impedir a prisão de Rosane que acabou sendo algemada e levada pelo ICE.
A filha adolescente se desesperou e acabou sendo presa pela polícia de Worcester que estava no local após ter sido acionada tanto pelos agentes do ICE quanto pela população.
A menina chegou a ser indiciada por negligência de criança, pertubação da paz, conduta desordeira e resistência à prisão. As acusações foram todas retiradas.
Desde então Rosane está presa no Wyatt Detention Center, em Rhode Island, e as duas filhas menores estão sob custódia do Departamento de Crianças e Famílias de Massachusetts aos cuidados de amigos da família.
Rosane está em processo de asilo, mas contra ela pesa uma ação criminal na Corte de Worcester. Ela chegou a ficar presa durante dois dias em fevereiro após a polícia ser chamada para atender uma confusão doméstica em um sábado. Ela responde por agredir uma mulher grávida com um cabo de carregador de celular.
A filha Augusta diz que o incidente foi um mal entendido.
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