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Ministério Público de El Salvador prende advogada que ajudava imigrantes deportados dos EUA




WASHINGTON - Uma advogada salvadorenha que denunciou a corrupção no governo de Nayib Bukele e auxiliou os 252 migrantes venezuelanos deportados pelos Estados Unidos que estão encarceirados em El Salvador foi presa, informou o grupo de direitos humanos onde ela trabalha, nesta segunda-feira, 19.


O Ministério Público acusa Ruth Eleonora López, de 47 anos, que chefia a unidade anticorrupção e justiça de Cristosal, de "desfalque". Quando trabalhou como assessora do ex-presidente do Tribunal Supremo Eleitoral, Eugenio Chicas, "colaborou no desvio de verbas dos cofres públicos", afirmou o órgão na rede social X.


Em tempo: Chicas foi preso em fevereiro e acusado de enriquecimento ilícito.


Treze organizações internacionais de direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional, a Human Rights Watch e o Escritório de Washington para a América Latina (WOLA), condenaram sua prisão e exigiram sua libertação.


"Exigimos que as autoridades salvadorenhas libertem imediatamente Ruth López e instamos o governo salvadorenho a garantir sua integridade física e seu direito ao devido processo legal", disseram em uma declaração conjunta.


"O autoritarismo" "aumentou" em El Salvador "à medida que o presidente Nayib Bukele minou as instituições e o Estado de Direito", acrescentou a declaração, também assinada pelo Centro pela Justiça e Direito Internacional (CEJIL) e pela Robert F. Kennedy Human Rights, entre outras ONGs.


A Cristosal informou que não sabe onde Ruth López está detida. "Nem sua família nem sua equipe jurídica conseguiram confirmar seu paradeiro ou o centro de detenção onde ela está detida", disse a organização em um comunicado.


Sua prisão ocorre em um momento de "profunda preocupação" sobre "o crescente risco enfrentado pelos defensores dos direitos humanos" no país, em meio à "fraqueza institucional e repressão", acrescentou a organização.


A ONG auxilia famílias de detidos como parte da "guerra" contra gangues lançada por Bukele em 2022. Ela também compila um banco de dados de migrantes venezuelanos presos nos últimos dois meses em uma megaprisão de segurança máxima em El Salvador, com a ajuda de suas famílias.


Cristosal lançou recentemente um aplicativo on-line que permite que famílias de venezuelanos presos enviem informações.


Com base nas respostas das famílias, a ONG concluiu que 78% emigraram para os EUA em busca de "melhores oportunidades econômicas", 35% para escapar da violência e 9% devido à perseguição política.


López foi presa dois dias depois que advogados salvadorenhos do escritório de advocacia Grupo Ortega, contratado pelo governo venezuelano para defender migrantes venezuelanos, denunciaram que seus clientes foram vítimas de tortura "física" e "moral".


Comissário de Direitos Humanos renuncia

O comissário de direitos humanos de Bukele, o colombiano Andrés Guzmán, anunciou sua renúncia à AFP nesya segunda-feira, após dois anos no cargo. Ele não revelou os motivos de sua decisão, mas elogiou a política de segurança de Bukele, defendendo-o em fóruns internacionais de críticas por supostos abusos em sua "guerra" contra gangues.


"Fui testemunha privilegiada de uma transformação histórica, observando como El Salvador passou do caos e do desespero [devido às ações criminosas de gangues] para se tornar uma referência mundial em segurança", disse ele à AFP.


Em sua carta de demissão, ele escreveu que estava deixando o cargo "com profunda tristeza e sincera gratidão". "É preciso saber quando fechar um capítulo e começar outro", acrescentou o ex-professor de universidades na Colômbia, Peru e Espanha.


O governo não comentou a prisão do advogado nem a renúncia do comissário.


'Contexto do autoritarismo'

Na semana passada, a Justiça salvadorenha prendeu o advogado ambiental Alejandro Henríquez e o pastor evangélico José Pérez depois que eles participaram de um protesto de famílias de agricultores.


Em fevereiro, o ativista de direitos humanos Fidel Zavala foi preso e acusado pelo Ministério Público de ser membro de gangue.


Na semana passada, nove organizações — incluindo a Anistia, a WOLA e a CEJIL — criticaram o projeto de lei de "agentes estrangeiros" de Bukele, que inclui um imposto de 30% sobre doações recebidas por ONGs.


Em abril, a Cristosal relatou que policiais entraram em sua sede durante uma coletiva de imprensa e "começaram a registrar e fotografar as instalações", bem como "veículos pertencentes à equipe e à mídia presente". A ONG sustentou então que a entrada da polícia em suas dependências "faz parte do atual contexto de autoritarismo e fechamento de espaços democráticos".


** Com AFP **

 
 
 

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