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ICE mantém escalada de prisões mas 40% dos detidos não têm antecedentes criminais

Foto do escritor: Rádio Manchete USARádio Manchete USA

Atualizado: 26 de fev.


menos de 1% das pessoas com carta de deportação são condenadas por um crime graves
ICE admite prisões de imigrantes sem antecedentes criminais (Foto: Divulgação ICE)

WASHINGTON - Na semana em que o presidente Donald Trump completa um mês na Casa Branca, o czar da fronteira, Tom Homan, diz não estar satisfeito com os números de prisão de imigrantes nos Estados Unidos, afirmando que 14 mil foram presos desde 20 de janeiro.


O ICE parou de atualizar o número de prisões diárias no dia 4 de fevereiro e até aquela data a agência não conseguiu chegar à meta estipulada por Trump de 1,2 mil a 1,5 mil detenções por dia.


Homam disse em entrevista à rádio WABC, em Nova York, que a "vasta maioria [dos presos] tem histórico criminal".


Mas os dados do ICE aos quais a rede de TV NBC teve acesso, e foram revisados pela MANCHETE USA, indicam que 41% das 4.442 pessoas presas durante as duas primeiras semanas do governo Trump não têm passagem pela polícia.


Essas são as prisões colaterais - quando o agente vai atrás de um indivíduo e prende outro – semelhante ao caso do brasileiro Lucas Amaral que passou mais de 20 dias preso por ter seu carro confundido com o veículo de um indivíduo que estava na mira do ICE. Amaral vive há sete anos no país com o visto de turista expirado.


Na administração Biden isso também aconteceu, mas em uma proporção menor. No ano fiscal de 2024, dos 113.431 imigrantes detidos 28% não tinham recorde criminal.


Enquanto o governo insiste na campanha para prender imigrantes criminosos, especialistas dizem que 87% dos indivíduos detidos no sistema prisional do ICE têm direito a comparecer à Corte enfrentando um processo de deportação, o que pode prolongar em muitos meses o desfecho de seus casos.


Além disso, menos de 1% das pessoas com carta de deportação são condenadas por um crime grave, indica a Transactional Records Access Clearinghouse (TRAC) .


Brasileiros presos

As agências federais tampouco divulgam o índice de presos por nacionalidade.


Até agora as prisões de seis brasileiros chamaram a atenção, todas em Massachussetts. Além de Lucas Amaral, um brasileiro foi preso na quinta-feira, 20, enquanto trabalhava em um mercado de Abington em mais um caso de prisão colateral.


Em tempo: Apenas um brasileiro foi incluído na lista dos mais perigosos. Ele era foragido do Brasil por um acidente de carro que matou duas pessoas.


Outro homem que estaria envolvido com drogas e já havia sido acusado de estupro de menor foi preso em Framingham tentando fugir do ICE.


Na semana passada, o ICE divulgou a prisão de Caio Vitor Guimarães Silva que entrou nos EUA com visto em 2017, no primeiro mandato de Trump, aos 14 anos. Ele cumpriu pena por agressão e a agência federal diz que ele é membro de uma gangue.


Ontem foi a vez de resgatar para a opinião pública a prisão por acusação de estupro de Willian Robert Vasconcelos dos Santos, 21, registrada pela polícia local em 20 de janeiro, dia da posse de Trump. Ele foi para custódia do ICE no dia seguinte.


Todas os casos aconteceram em Massachusetts e, provavelmente, há mais brasileiros detidos, mas as organizações pró-imigrantes no Estado não apresentam números.


O Grupo Mulher Brasileira diz não ter recebido nenhuma ligação sobre presos. Já o Centro do Trabalhador Brasileiro não respondeu ao nosso pedido de comentário.


O escritório de advocacia Macedo Law conta ter recebido uma dúzia de ligações nesse período. Eles representam um brasileiro que foi preso durante o trabalho em uma pizzaria.


Sistema Lotado

O ICE tem capacidade prisional para deter 41,5 mil pessoas e no início de fevereiro o número de pessoas sob custódia já era de 41.169. Diante da falta de espaço, Trump determinou que imigrantes com crimes graves deveriam ser enviados para a base militar de Guantánamo, em Cuba, que pode receber 30 mil estrangeiros.


Na quinta-feira, 20, um segundo grupo com 177 venezuelanos foi transferido para Guantánamo. De acordo com a agência federal, eles se juntam a outras centenas de imigrantes sem possibilidade de apelo na Justiça e aguardam para serem repatriados pelo governo da Venezuela.


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