Califórnia resiste à repressão federal contra movimento pró-imigrante
- Rádio Manchete USA
- 9 de jun.
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LOS ANGELES - No terceiro dia de protestos em Los Angeles, na Califórina, contra medidas de deportação de imigrantes nos Estados Unidos manifestantes entraram em confronto com a polícia local e tropas da Guarda Nacional enviadas pelo presidente Donald Trump à cidade, neste domingo, 8.
O primeiro embate ocorreu em frente a um prédio federal que abriga um centro de detenção no centro de Los Angeles na sexta-feira (6). Policiais dispararam o que parecia ser gás lacrimogêneo, spray de pimenta e algum tipo de munição não letal contra a multidão, que gritava "fora ICE".
Em Paramount, região metropolitana de Los Angeles, no sábado (7) os manifestantes chegaram a interditar o trânsito de uma das vias expressas mais importantes do centro da cidade. Nesse ponto, a tensão aumentou e houve novos confrontos com os agentes de segurança.
No bairro de Paramount, o ar estava árido, carregado de gás lacrimogêneo e fumaça do lado de fora de uma loja da Home Depot, onde os protestos eclodiram após a informação de que haveria uma batida do ICE no local. A agência nega.
Oficiais do Condado de Los Angeles dispararam granadas de efeito moral e gás lacrimogêneo a cada poucos minutos para dispersar os manifestantes.
Vizinhos e manifestantes relataram que migrantes se barricaram dentro de comércios locais, com medo de sair.
No mesmo dia, o governo americano anunciou o envio de 2 mil soldados da Guarda Nacional para as ruas da maior cidade da Califórnia.
Neste domingo, Trump disse a jornalistas que haverá "tropas em todos os lugares".
"Não vamos deixar que isso aconteça com nosso país... Se vermos perigo para nosso país e nossos cidadãos, seremos muito firmes", declarou o presidente, que prometeu ainda "enviar o que for necessário pela lei e pela ordem".
Logo depois, o presidente usou as redes sociais para chamar os atos de "motins de imigrantes". "Multidões violentas e insurrecionais estão cercando e atacando nossos agentes federais para tentar impedir nossas operações de deportação", escreveu Trump.
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, disse que a medida de Trump é "propositalmente inflamatória" e alerta que "só aumentará as tensões".
O democrata pediu calma aos manifestantes: "Não deem a Trump o que ele quer".
O governador também anunciou a solicitação formal para que o governo Trump revogue o "envio ilegal de tropas ao condado de Los Angeles e as devolva ao seu comando".
"Não tínhamos problema até Trump se envolver. Isso é uma grave violação da soberania do estado – inflama tensões e desvia recursos de onde realmente são necessários", disse Newson.
Após as cenas de violência, a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, declarou que "o que estamos vendo é o caos provocado pelo governo". O envio de tropas federalizadas é uma "escalada perigosa", segundo ela.
Em análise na BBC, o correspondente Anthony Zurcher escreveu que a "rapidez com que Trump reagiu sugere que essa é uma luta para a qual sua administração está preparada — e até ansiosa para enfrentar".
A primeira tropa da Guarda Nacional chegou na manhã do domingo e se reuniu em frente ao centro de detenção no centro de Los Angeles, para onde imigrantes em situação irregular são levados após serem detidos.
Protesto em São Francisco termina com 60 prisões e 3 policiais feridos
Também foram registrados protestos em São Francisco. Cerca de 60 pessoas foram presas e três policiais ficaram feridos, segundo informou a polícia.
O Departamento de Polícia de São Francisco afirmou que os indivíduos se tornaram "violentos e começaram a cometer crimes que vão de agressão a vandalismo e danos materiais" na noite de domingo, levando o departamento a declarar uma reunião ilegal na área.
O departamento afirma que muitos deixaram o local, mas "vários indivíduos permaneceram e continuaram envolvidos em atividades ilegais", incluindo vandalismo em prédios e em uma viatura policial.
Dois policiais sofreram ferimentos sem risco de vida e um foi transportado para um hospital local.
Em resposta ao comunicado, o prefeito Daniel Lurie afirmou que todos "têm o direito de fazer sua voz ser ouvida pacificamente", mas "jamais toleraremos comportamento violento e destrutivo".
Lurie afirmou que o protesto "acabou", antes de acrescentar que "os esforços para atingir membros de nossa comunidade imigrante que contribuem para nossa cidade, apoiam nossa economia e criam suas famílias aqui tornam nossa cidade menos segura".
O que está acontecendo em Los Angeles?
Nesta semana, houve até 118 prisões em Los Angeles como resultado de operações do ICE, incluindo 44 na sexta-feira (6).
Em comunicado divulgado na sexta-feira, o governador democrata Newsom disse que "as contínuas e caóticas operações federais em toda a Califórnia para cumprir uma cota arbitrária de prisões são tão imprudentes quanto cruéis".
"O caos de Donald Trump está minando a confiança, separando famílias, e minando os trabalhadores e as indústrias que impulsionam a economia americana."
A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, acusou anteriormente o ICE de "espalhar o terror" na segunda maior cidade dos EUA.
Os chefes do FBI e do Departamento de Segurança Interna disseram que os comentários da prefeita colocaram agentes federais em perigo.
Angélica Salas, que lidera a Coalizão pelos Direitos Humanos dos Imigrantes, declarou em um comício recente: "Nossa comunidade está sendo atacada e aterrorizada. Eles são trabalhadores. Eles são pais. Eles são mães. E isso tem que parar."
O chefe da patrulha de fronteira, Tom Homan, disse à emissora Fox News no sábado: "Estamos tornando Los Angeles um lugar mais seguro".
Em Los Angeles, para onde viajou para supervisionar pessoalmente as operações do ICE, Homan afirmou que mais recursos estavam sendo mobilizados, como a Guarda Nacional, e que o trabalho do ICE continuaria a ser feito.
Homan alertou que haverá "tolerância zero" para qualquer violência ou dano à propriedade privada.
Em uma publicação no X, Dan Bongino, do FBI, também emitiu um alerta aos manifestantes: "Vocês trazem o caos, e nós trazemos algemas. A lei e a ordem prevalecerão."
Ele afirmou que "várias prisões" foram feitas por "obstruir operações".
** Com BBC **

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