Brasileiros são indiciados por facilitar troca de cheques de indocumentados
- Rádio Manchete USA
- 26 de mai.
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CHARLESTON - Os brasileiros Jimmy Soares de Oliveira Carvalho, 46, e José Rivelino Serafim da Silva, 53, estão presos na Carolina do Sul após serem indiciados por 17 crimes, entre eles lavagem de dinheiro, em um esquema de troca de cheques para pagar a mão de obra terceirizada de imigrantes indocumentados que movimentou mais de US$ 70 milhões. Eles alegam inocência.
Na audiência de custódia no Tribunal Distrital dos Estados Unidos, em Charleston, na sexta-feira, 23, Carvalho abriu mão do benefício de pagar fiança para responder ao processo em liberdade enquanto a juíza Molly Cherry negou o direito à Silva, alegando risco de fuga do país.
Carvalho também é acusado de adulteração de testemunha. Segundo a promotoria, o brasileiro intimidou uma pessoa que estava colaborando com a investigação e era a responsável em trocar os cheques. No fim do primeiro semestre de 2024, os agentes federais perderam contato com a informante.
A partir desse momento, Silva assumiu a função de descontar os pagamentos.
A acusação alega que os réus criaram 11 empresas de fachada no setor da construção civil para facilitar pagamentos de empreiteiras a seus trabalhadores, frequentemente imigrantes indocumentados, e sonegar impostos e taxas de seguro-desemprego.
Segundo a investigação, desde 2017 os brasileiros receberam cerca de US$ 74 milhões que foram depositados e sacados em dinheiro para pagar os prestadores de serviço. Eles retiam de 3 a 5% dos valores.
Se condenados, os réus podem pegar até 30 anos de cadeia.
Prisão
Silva foi preso ainda no estacionamento do Bank of America em 21 de maio com US$ 7 mil em dinheiro vivo e cheques que seriam descontados para pagar trabalhadores indocumentados, disse a promotora Amy Bower.
No mesmo dia, agentes do IRS e do ICE invadiram um complexo de apartamentos no Channel Family Homes, em Hanahan, onde prenderam Carvalho, o suposto líder da operação de lavagem de dinheiro.
Agentes e a polícia local também apreenderam caixas de registros e US$ 120 mil em dinheiro.
Na residência de Carvalho foram apreendidos documentos que revelaram contas bancárias e registros de propriedades no Brasil. Uma das contas soma US$ 55 mil.
A promotoria revela que rastreou os réus por um longo período em reuniões em bancos e na casa de Carvalho.
Segundo o processo, Silva não tem família nos EUA, onde mora há seis anos com visto, sem especificar o tipo. A juíza ordenou que ele permaneça sob custódia na Carolina do Sul, em vez de permitir que o ICE o detenha na Geórgia.
Se condenado, ele poderá ser deportado após cumprir a pena.
Nada foi mencionado sobre o status imigratório de Carvalho, mas a promotora revelou que a irmã de Carvalho, casada com Silva, foi presa no mesmo dia, 21 de maio, pelo ICE e deve ser deportada.
Esquema
Carvalho permitia que os contratados operassem como uma das sociedades de responsabilidade limitada. Os contratados emitiam cheques em nome da empresa de fachada, recebiam o pagamento pelos serviços em seu nome e, em seguida, pagariam em dinheiro aos trabalhadores indocumentados após a dedução das "taxas de processamento".
Carvalho, Da Silva e outros abriram contas em cerca de uma dúzia de bancos na região de Charleston para depositar cheques e sacar dinheiro, de acordo com a acusação.
Da Silva era o agente registrado de uma das 11 empresas que os homens utilizavam desde pelo menos 2017. Cerca de US$ 11,5 milhões passaram por uma única empresa, disse Bower.
Cada companhia canalizava o dinheiro por meio de duas a sete contas bancárias, de acordo com a acusação. Algumas transações eram de valores totais que ultrapassaram US$ 10 mil e chegaram a US$ 85 mil.
Em tempo: A lei federal e os regulamentos estabelecidos para combater esquemas de lavagem de dinheiro exigem que os bancos informem todas as transações acima de US$ 10 mil à Receita Federal.
A promotoria observou que quando um banco descobria uma possível lavagem de dinheiro, os homens mudavam para uma nova conta ou usavam o nome de outra empresa.
"No momento da prisão (de Da Silva), soubemos de uma nova conta bancária", disse Bower durante a audiência.
Sem garantia
A forma como as empresas de fachada operavam dificultava a recuperação dos custos de construções malfeitas, afirmou Shannon Wiley, consultora jurídica do Gabinete do Secretário de Estado da Carolina do Sul.
No cerne do caso federal de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro está a série de LLCs que potencialmente utilizaram agentes e endereços fraudulentos, afirmou ela.
As empresas de fachada listadas na acusação foram citadas em pelo menos dez processos por quebra de contrato e defeitos de construção desde 2019, de acordo com uma análise do jornal Post & Courier.
Registros judiciais indicam que proprietários e empresas tiveram dificuldades para localizar os proprietários das LLCs.
Em alguns casos, o Gabinete do Secretário de Estado aceitou a citação das LLCs porque os oficiais de justiça não conseguiram encontrar os verdadeiros proprietários. Na prática, isso teria levado a julgamentos à revelia contra as supostas empresas de fachada de Carvalho e Silva, disse a consultora.
Wiley afirmou que seu escritório tem pouco poder de execução e supervisão sobre as LLCs na Carolina do Sul. Ela afirmou que o papel do escritório na criação de uma LLC, que custa US$ 110, é verificar se os formulários estão preenchidos corretamente.
Qualquer ação para dissolver a empresa teria que ser realizada após uma investigação por outra parte e uma ordem judicial, disse ela.
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