Brasileiros podem pegar até 15 anos de prisão por venda de carteiras
Rádio Manchete USA
15 de dez. de 20242 min de leitura
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BOSTON – O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) comunicou na semana passada que a polícia desmantelou uma quadrilha formada por brasileiros responsáveis pela venda de carteiras de motoristas de Nova York e Massachusetts para pessoas que não se qualificavam para o documento e utilizavam passaportes e endereços falsos.
Cinco homens foram indiciados na terça-feira, 10, por "conspirar para produzir e portar ilegalmente documentos de identificação para depois transferi-los a terceiros". Eles também respondem a "duas acusações de posse com a intenção de usar ou transferir documentos de identificação ilegalmente e uma acusação de fornecer passaporte falso".
Se condenados, cada acusado pode pegar até 15 anos de prisão.
A Promotoria Federal em Massachusetts cita no processo os nomes de César Augusto Martins Reis, 28 anos, de Waterbury, Helbert Costa Generoso, 39, de Danbury, cidades de Connecticut, além de Gabriel Nascimento de Andrade, 26, de Boston.
Andrade cumpre prisão preventiva enquanto Reis e Generoso estão detidos aguardando a audiência de custódia prevista para a segunda-feira, 16.
Outros dois acusados Edvan Fernandes Alves De Andrade, 34, de Worcester, e Leonel Teixeira de Souza Junior, 38, de Milford, já estão no Brasil.
Esquema fraudulento
De acordo com o processo, as fraudes para fornecer habilitação para pessoas que moravam fora do Estado ocorreram entre novembro de 2020 e setembro desse ano.
Massachusetts entrou nas negociações após julho de 2023, quando passou a emitir carteira de motorista para imigrantes indocumentados. Já em Nova York o documento estava disponível para residentes sem status imigratório legal no país desde 2019.
Os réus cobravam cerca de US$ 1,4 mil para conseguir a habilitação. No total, foram mais de mil clientes e, segundo as investigações, aproximadamente 600 tiveram sucesso.
Os falsários burlavam o sistema de Nova York que exige que os candidatos tirem fotos enquanto fazem o teste escrito on-line na tentativa de evitar fraudes.
Os réus pediam a seus clientes para se fotografarem em posições que simulavam que estavam completando a prova, mas eram os acusados que respondiam aos testes escritos, criavam certificados de conclusão de escolas de condução de Nova York, inclusive com assinaturas falsas de funcionários desses locais.
Com esse certificado, os candidatos compareciam ao Departamento de Registro de Carros de NY para apresentar os documentos de identidade e comprovante de residência no Estado, mesmo local para onde eram enviadas as habilitações. Os endereços eram controlados pela quadrilha.
Os réus e seus cúmplices recrutavam clientes em Massachusetts e os dirigiam até Nova York, "vários de uma vez só", para a primeira fase e também para o teste de rua.
Em Massachusetts, o esquema forjava os passaportes para usar como identidade para requerer a habilitação.
A produção e distribuição de documentos falsos são passíveis de até 5 anos de reclusão em regime fechado, três anos de liberdade condicional e multa de US$ 250 mil. Já a produção de passaporte fraudulento para uso de terceiros pode gerar 10 anos de prisão, liberdade supervisionada por três anos e multa de até US$ 250 mil.
As autoridades avisam que a investigação ainda está em curso e pode apontar outros envolvidos.
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